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Ciências da Terra e da Vida

Zoologia

Lince Ibérico

Autor: Raquel Almeida
Mestre em Mestre em Biologia Molecular e Celular

Data de criação: 18/04/2015

Resumo: Apresentação do Lince Ibérico...
O lince-ibérico, também denominado por liberne, gato-cravo e lobo-cerval, é um animal muito raro, e como o próprio nome indica é (...)

Palavras chave:  biologia, zoologia

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Lince Ibérico

 

Sistemática e distribuição geográfica

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Carnivora

Família: Felidae

Género: Lynx

Espécie: Lynx pardinus (Temminck, 1827)

 

O lince-ibérico, também denominado por liberne, gato-cravo e lobo-cerval, é um animal muito raro, e como o próprio nome indica é endémico da Península Ibérica, ou seja, existe apenas em Portugal e Espanha. Em Espanha, atualmente a sua distribuição geográfica apenas está limitada a duas áreas de reprodução, nas regiões da Serra Morena Oriental e de Doñana (ambas na Andaluzia), embora haja registos isolados do lince-ibérico em Montes de Toledo Oriental, no Sistema Central Ocidental e na Serra Morena Ocidental. Atualmente não existem populações de lince-ibérico em Portugal. No entanto, a ocorrência de alguns registos esporádicos nomeadamente na região de Moura / Barrancos (em 2010), animais provenientes de populações espanholas à procura de novos territórios, é um sinal de esperança aos esforços desenvolvidos na conservação desta espécie. Atualmente estima-se que apenas existam um total de cerca de 300 indivíduos adultos na natureza.

 

Estatuto de conservação

O lince-ibérico é o felino mais ameaçado no mundo e o carnívoro em maior perigo na Europa. De acordo com várias organizações, incluindo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), esta espécie encontra-se em perigo crítico de conservação.

No entanto, devido a programas de reintrodução o seu número tem aumentado. Em 2013, a Andaluzia tinha uma população de 309 indivíduos em estado selvagem e em Dezembro de 2014 foram reintroduzidos os primeiros exemplares em Portugal, com previsões para mais reintroduções durante o primeiro semestre de 2015. Numa tentativa de salvar esta espécie da extinção, teve início o projecto Europeu de Vida Natural que inclui a preservação do habitat, monitorização da população do lince, e gestão das populações de coelho.
 
Morfologia

O lince-ibérico é considerado um animal de médio porte apresentando entre 50 a 70 cm de altura e 85 a 100 cm de comprimento. Os machos pesam mais do que as fêmeas, tendo estes um peso de 12 a 14 kg e as fêmeas pesando de 9 a 10 kg.

A pelagem do lince-ibérico serve como excelente camuflagem entre a vegetação da paisagem mediterrânica, apresentando uma pelagem castanho-amarelada com manchas negras e em que o seu padrão difere de individuo para individuo (serve como distinçao de todos os outros da sua espécie). Apresenta membros muito robustos e quatro garras, que pode recolher completamente, em cada pata, os memnros posteriores mais longos (permitem-lhe impulsionar o corpo a vários metros de altura) e os membros anteriores mais curtos e fortes. Estas carateristicas tornam-no num excelente caçador, conseguindo facilmente perseguir e capturar as suas presas.

O lince-ibérico apresenta características inconfundíveis que o permitem distinguir de outros felinos. Entre elas a cauda curta, com cerca de 14 cm de comprimento, com a ponta negra, um conjunto de pêlos compridos nas extremidades das orelhas, em forma de pincel, e umas patilhas de longos pelos pretos e brancos de ambos os lados do focinho que se assemelham a barbas e que crescem com o avançar da idade.

Como todos os felídeos, o lince-ibérico tem pupilas verticais e uma visão excelente, especialmente quando há pouca visibilidade. Têm também reflexos apurados; os bigodes fornecem dados táteis muito detalhados e as orelhas proporcionam uma excelente audição.

 

Alimentação

O lince-ibérico alimenta-se maioritariamente de coelho-bravo, constituindo cerca de 80 a 100% da sua dieta. Apesar de esta ser a sua principal presa, o lince beneficia as populações de coelho-bravo, pois afasta ou elimina outros predadores, que no seu conjunto acabam por consumir mais presas do que o lince. Um lince adulto necessita de ingerir um coelho-bravo por dia e as fêmeas grávidas cerca de três coelhos por dia.

Quando a população de coelho-bravo diminui (em certas áreas ou alturas do ano), o lince-ibérico também caça outros animais, nomeadamente aves (patos, perdizes), pequenos mamíferos (roedores, lebres) e crias ou juvenis de ungulados silvestres (gamos, veados). Ainda que prefira manifestamente o coelho-bravo, não sendo capaz de alterar a sua dieta se a população de coelho-bravo diminuir drasticamente.

 

Reprodução

O lince-ibérico é uma espécie solitária. Os machos só procuram as fêmeas durante a época de reprodução, que acontece normalmente entre Janeiro e Fevereiro. Após o acasalamento, os machos separam-se das fêmeas, não tendo qualquer contato com a fêmea e crias. A fêmea procura abrigo para as suas crias, como o tronco oco de uma grande árvores ou uma zona rochosa, longe da perturbação humana e com alimento e água nas proximidades.

O período de gestação dura cerca de dois meses (65 a 72 dias), nascendo estre uma a quatro crias. Quando as crias atingem os dois meses de idade, começam a acompanhas a progenitora nas duas incursões pelo território, onde aprendem a caçar. Quando a progenitora inicia novamente a época do cio, os jovens linces, com cerca de um a dois anos de vida, afastam-se para estabelecer o seu próprio território.

 

Habitat e utilização de espaço

O lince-ibérico é bastante exigente em termos de habitat, pois necessita de paisagens mistas, com áreas de bosques e matagais densos, constituídos por azinheiras, sobreiros, medronheiros e matos altos, onde se possa abrigar e reproduzir. Por outro lado, necessita de áreas mais abertas, de clareira, que lhe permite perseguir e capturar as suas presas. De um modo geral, o lince-ibérico evita as áreas urbanizadas e extensos campos agrícolas ou plantações florestais. O lince é uma espécie territorial, necessitando de grandes áreas de habitat adequado para sobreviverem.

A presença de outros carnívoros, como as raposas ou os saca-rabos, não é tolerada dentro dos seus territórios, entrando por vezes em conflitos que podem terminar com a morte do intruso.

 

Principais Ameaças

O rápido declínio das populações de lince-ibérico, em termos de número de indivíduos e de área de distribuição da espécie, esteve na origem de diversas causas. No entanto, deveu-se principalmente a duas ameaças: o decréscimo drástico da sua principal presa (coelho-bravo) e a perda e destruição do seu habitat. A escassez de coelho-bravo teve origem nas doenças, perda de habitat (devido ao abandono da agricultura), e algumas práticas de caça desadequadas. Já a perda do habitat do lince deveu-se essencialmente à produção florestal intensiva (ex. eucalipto e pinheiro-bravo), levando à substituição dos matagais e bosques Mediterrânicos, à construção de barragens e estradas e aos incêndios florestais em áreas de habitat ótimo.

As doenças (ex. tuberculose bovina, vírus da leucemia felina) também representam um sério risco à sobrevivência deste felino.

 


 

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