Sistemática e distribuição geográfica
Reino:
Animalia
Filo:
Chordata
Classe:
Mammalia
Ordem:
Carnivora
Família:
Felidae
Género:
Lynx
Espécie:
Lynx pardinus (Temminck, 1827)
O lince-ibérico, também denominado por liberne, gato-cravo e lobo-cerv
al,
é um animal muito raro, e como o próprio nome indica é endémico da
Península Ibérica, ou seja, existe apenas em Portugal e Espanha. Em
Espanha, atualmente a sua distribuição geográfica apenas está limitada a
duas áreas de reprodução, nas regiões da Serra Morena Oriental e de
Doñana (ambas na Andaluzia), embora haja registos isolados do
lince-ibérico em Montes de Toledo Oriental, no Sistema Central Ocidental
e na Serra Morena Ocidental. Atualmente não existem populações de
lince-ibérico em Portugal. No entanto, a ocorrência de alguns registos
esporádicos nomeadamente na região de Moura / Barrancos (em 2010),
animais provenientes de populações espanholas à procura de novos
territórios, é um sinal de esperança aos esforços desenvolvidos na
conservação desta espécie. Atualmente estima-se que apenas existam um
total de cerca de 300 indivíduos adultos na natureza.
Estatuto de conservação
O lince-ibérico é o felino mais ameaçado no mundo e o carnívoro em maior
perigo na Europa. De acordo com várias organizações, incluindo a União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), esta espécie
encontra-se em perigo crítico de conservação.
No entanto, devido a programas de reintrodução o seu número tem
aumentado. Em 2013, a Andaluzia tinha uma população de 309 indivíduos em
estado selvagem e em Dezembro de 2014 foram reintroduzidos os primeiros
exemplares em Portugal, com previsões para mais reintroduções durante o
primeiro semestre de 2015. Numa tentativa de salvar esta espécie da
extinção, teve início o projecto Europeu de Vida Natural que inclui a
preservação do habitat, monitorização da população do lince, e gestão
das populações de coelho.
Morfologia
O lince-ibérico é considerado um animal de médio porte apresentando
entre 50 a 70 cm de altura e 85 a 100 cm de comprimento. Os machos pesam
mais do que as fêmeas, tendo estes um peso de 12 a 14 kg e as fêmeas
pesando de 9 a 10 kg.
A pelagem do lince-ibérico serve como excelente camuflagem entre a
vegetação da paisagem mediterrânica, apresentando uma pelagem
castanho-amarelada com manchas negras e em que o seu padrão difere de
individuo para individuo (serve como distinçao de todos os outros da sua
espécie). Apresenta membros muito robustos e quatro garras, que pode
recolher completamente, em cada pata, os memnros posteriores mais longos
(permitem-lhe impulsionar o corpo a vários metros de altura) e os
membros anteriores mais curtos e fortes. Estas carateristicas tornam-no
num excelente caçador, conseguindo facilmente perseguir e capturar as
suas presas.
O lince-ibérico apresenta características inconfundíveis que o permitem
distinguir de outros felinos. Entre elas a cauda curta, com cerca de 14
cm de comprimento, com a ponta negra, um conjunto de pêlos compridos nas
extremidades das orelhas, em forma de pincel, e umas patilhas de longos
pelos pretos e brancos de ambos os lados do focinho que se assemelham a
barbas e que crescem com o avançar da idade.
Como todos os felídeos, o lince-ibérico tem pupilas verticais e uma
visão excelente, especialmente quando há pouca visibilidade. Têm também
reflexos apurados; os bigodes fornecem dados táteis muito detalhados e
as orelhas proporcionam uma excelente audição.
Alimentação
O lince-ibérico alimenta-se maioritariamente de coelho-bravo,
constituindo cerca de 80 a 100% da sua dieta. Apesar de esta ser a sua
principal presa, o lince beneficia as populações de coelho-bravo, pois
afasta ou elimina outros predadores, que no seu conjunto acabam por
consumir mais presas do que o lince. Um lince adulto necessita de
ingerir um coelho-bravo por dia e as fêmeas grávidas cerca de três
coelhos por dia.
Quando a população de coelho-bravo diminui (em certas áreas ou alturas
do ano), o lince-ibérico também caça outros animais, nomeadamente aves
(patos, perdizes), pequenos mamíferos (roedores, lebres) e crias ou
juvenis de ungulados silvestres (gamos, veados). Ainda que prefira
manifestamente o coelho-bravo, não sendo capaz de alterar a sua dieta se
a população de coelho-bravo diminuir drasticamente.
Reprodução
O lince-ibérico é uma espécie solitária. Os machos só procuram as fêmeas
durante a época de reprodução, que acontece normalmente entre Janeiro e
Fevereiro. Após o acasalamento, os machos separam-se das fêmeas, não
tendo qualquer contato com a fêmea e crias. A fêmea procura abrigo para
as suas crias, como o tronco oco de uma grande árvores ou uma zona
rochosa, longe da perturbação humana e com alimento e água nas
proximidades.
O período de gestação dura cerca de dois meses (65 a 72 dias), nascendo
estre uma a quatro crias. Quando as crias atingem os dois meses de
idade, começam a acompanhas a progenitora nas duas incursões pelo
território, onde aprendem a caçar. Quando a progenitora inicia novamente
a época do cio, os jovens linces, com cerca de um a dois anos de vida,
afastam-se para estabelecer o seu próprio território.
Habitat e utilização de espaço
O lince-ibérico é bastante exigente em termos de habitat, pois necessita
de paisagens mistas, com áreas de bosques e matagais densos,
constituídos por azinheiras, sobreiros, medronheiros e matos altos, onde
se possa abrigar e reproduzir. Por outro lado, necessita de áreas mais
abertas, de clareira, que lhe permite perseguir e capturar as suas
presas. De um modo geral, o lince-ibérico evita as áreas urbanizadas e
extensos campos agrícolas ou plantações florestais. O lince é uma
espécie territorial, necessitando de grandes áreas de habitat adequado
para sobreviverem.
A presença de outros carnívoros, como as raposas ou os saca-rabos, não é
tolerada dentro dos seus territórios, entrando por vezes
em conflitos que podem terminar com a morte do intruso.
Principais Ameaças
O rápido declínio das populações de lince-ibérico, em termos de número
de indivíduos e de área de distribuição da espécie, esteve na origem de
diversas causas. No entanto, deveu-se principalmente a duas ameaças: o
decréscimo drástico da sua principal presa (coelho-bravo) e a perda e
destruição do seu habitat. A escassez de coelho-bravo teve origem nas
doenças, perda de habitat (devido ao abandono da agricultura), e algumas
práticas de caça desadequadas. Já a perda do habitat do lince deveu-se
essencialmente à produção florestal intensiva (ex. eucalipto e
pinheiro-bravo), levando à substituição dos matagais e bosques
Mediterrânicos, à construção de barragens e estradas e aos incêndios
florestais em áreas de habitat ótimo.
As doenças (ex. tuberculose bovina, vírus da leucemia felina) também
representam um sério risco à sobrevivência deste felino.
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