Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Avaliação da Exposição Profissional ao Formaldeído
Efeito Genotóxico

 

Autor: Carolina Duarte de Sousa Pina
Orientador: João Paulo Teixeira

 

Mestrado em Contaminação e Toxicologia Ambientais

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

Universidade do Porto
 

 

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Avaliação da Exposição Profissional ao Formaldeído

Resumo

O Formaldeído (FA) é um dos compostos químicos mais utilizados em todo o mundo. A sua aplicação é multifacetada e transversal a praticamente todas as actividades, sendo que a exposição humana a este composto assume particular importância a nível industrial e no sector da saúde, onde é bastante utilizado. Este facto aliado ao seu baixo custo de produção, faz do FA um químico de uso corrente e de difícil substituição.
Recentemente a International Agency for Research on Cancer (IARC) reclassificou-o como agente carcinogénico para o Homem, com base em estudos epidemiológicos de populações ocupacionalmente expostas. Embora tenha sido classificado como carcinogénico, não existem até ao momento dados conclusivos no que se refere às consequências na saúde humana da exposição a este aldeído. O potencial genotóxico e citotóxico do FA está descrito tanto in vitro como in vivo. Vários estudos apontam os laboratórios de anatomia patológica como sendo um dos cenários ocupacionais em que os trabalhadores estão expostos a elevados níveis de FA. Nestes laboratórios decorrem actividades que implicam a libertação de vapores de FA pela utilização de formol, usado em procedimentos anatomopatológicos para conservar e armazenar biópsias e peças cirúrgicas. Um estudo recente, realizado em Portugal, indica que os valores de FA existentes no ar dos laboratórios dos Serviços Hospitalares de Anatomia Patológica excedem valores normativos, tanto nacionais como internacionais. Neste contexto desenvolveu-se um trabalho que teve como principal objectivo avaliar o efeito genotóxico da exposição ocupacional a FA em profissionais dos Serviços Hospitalares de Anatomia Patológica, relacionando um biomarcador de toxicidade e a exposição. Para o efeito foi estudada uma população de 55 profissionais dos Serviços Hospitalares de Anatomia Patológica, expostos a FA no seu ambiente de trabalho e 52 indivíduos com historial ocupacional de não exposição a FA e com características demográficas e estilos de vida semelhantes ao grupo exposto. A avaliação da exposição ocupacional a FA foi realizada pela medição da concentração no local de trabalho e pela análise de um indicador biológico, o teste do micronúcleo (MN). Para estimar o nível de exposição a FA nos Serviços de Anatomia Patológica durante a jornada de trabalho (TWA) recorreu-se à amostragem contínua de ar no posto de trabalho, representativa do ar inalado pelos trabalhadores. Para a observação dos efeitos genotóxicos recorreu-se ao teste do MN em linfócitos de sangue periférico. Para o grupo de trabalhadores estudados, tendo em conta a jornada de trabalho (8 horas diárias e 40 horas semanais) obteve-se um valor médio de exposição a FA de 0.49 ppm. Os resultados obtidos para o indicador de genotoxicidade revelaram que os indivíduos expostos apresentaram, em média, maior dano genético comparativamente aos indivíduos do grupo controlo. Observou-se no grupo exposto uma relação estatisticamente significativa entre a exposição a FA e a frequência de MN (p < 0.003). A análise das características da população sugere que o género tem um efeito significativo na frequência de MN em ambos os grupos (p < 0.017) e que o fumo do tabaco não influencia significativamente a variável dependente estudada. Observou-se uma maior frequência de MN com o aumento da idade e com o aumento do tempo de exposição a FA. O conjunto de dados reunidos contribui para a caracterização da exposição a FA num contexto profissional específico, podendo, deste modo, revelar-se particularmente útil para reforçar a necessidade de alterar as práticas de trabalho de forma a salvaguardar a saúde dos profissionais. Por outro lado, a informação recolhida será útil para as entidades responsáveis em definir os níveis aceitáveis para a exposição ocupacional a FA e para os serviços que têm a seu cargo a vigilância da saúde dos trabalhadores.

 

Índice

Índice de abreviaturas
Índice de figuras
Índice de tabelas

1. Introdução

1.1. Formaldeído (FA)

1.1.1. Aplicações e relevância comercial
1.1.2. Exposição Ambiental
1.1.3. Exposição Ocupacional
1.1.4. Metabolismo

1.1.5. Efeitos na Saúde

1.1.5.1. Sintomatologia

1.1.5.2. Carcinogenicidade

1.2. Avaliação de Exposição

1.2.1. Monitorização Ambiental

1.2.2. Monitorização Biológica

1.2.2.1. Biomarcadores

1.2.2.1.1. Biomarcadores de exposição
1.2.2.1.2. Biomarcadores de efeito

1.2.2.1.3. Biomarcadores de susceptibilidade.

2. Materiais e Métodos

2.1. População estudada

2.1.1. Contacto com as Instituições e informação relevante

2.2. Metodologia

2.2.1. Monitorização Ambiental

2.2.2. Monitorização Biológica

2.3. Análise Estatística

3. Resultados

3.1. Monitorização Ambiental

3.2. Monitorização Biológica

3.2.1. Teste do micronúcleo

3.2.2. Relação entre a exposição a formaldeído e a frequência de micronúcleos
3.2.3. Relação entre o sexo dos indivíduos e a frequência de micronúcleos
3.2.4. Relação entre a idade dos indivíduos e a frequência de micronúcleos
3.2.5. Relação entre os hábitos tabágicos dos indivíduos e a frequência de micronúcleos
3.2.6. Relação entre o tempo de exposição dos indivíduos e a frequência de micronúcleos

4. Discussão
5. Conclusão
Bibliografia
Anexo I
 

 

Trabalho completo