Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Complicações oculares e sistémicas das terapêuticas anti-VEGF intra-vítreas usadas no tratamento da degenerescência macular da idade

 

Autor: Rita Margarida dos Santos Gonçalves
Orientador: Ângela Maria Veloso Guimarães Carneiro

 

Mestrado Integrado em Medicina - Oftalmologia

Faculdade de Medicina

Universidade do Porto
 

 

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Complicações oculares e sistémicas das terapêuticas anti-VEGF intra-vítreas usadas no tratamento da degenerescência macular da idade

Resumo

OBJECTIVO: Avaliar as complicações oculares e sistémicas de terapias anti-VEGF intra-vítreas usadas actualmente no tratamento de neovascularização coroideia (NVC) secundária a degenerescência macular da idade (DMI).
MÉTODOS: Foi realizado um estudo retrospectivo, não-controlado e não-randomizado, unicêntrico, em pacientes com DMI exsudativa seguidos na Consulta de Neovascularização Coroideia no Serviço de Oftalmologia do Hospital de São João entre Dezembro de 2006 e Fevereiro de 2010. Foram incluídos 465 olhos de 390 pacientes, que foram divididos em três grupos de acordo com o fármaco com o qual estavam a ser tratados: pegaptanib 0.9 mg, ranibizumab 0.5 mg, ou bevacizumab 1.25 mg. Todos os pacientes foram avaliados mensalmente para a ocorrência de efeitos adversos oculares ou sistémicos. Uma sub-população de pacientes de cada um dos três grupos foi estudada para repercussões bioquímicas após as injecções, com determinação dos níveis de marcadores de risco para doença cardiovascular, e alteração dos níveis séricos de VEGF, no início do tratamento e após três injecções intra-vítreas para fármaco.

RESULTADOS: No grupo em tratamento com pegaptanib não houve registo de qualquerefeito adverso ocular ou sistémico. Dos pacientes tratados com ranibizumab, 0.33% desenvolveram rasgadura do epitélio pigmentado da retina (EPR) e 0.33% tiveram hemovítreo, ambos sem complicações; 1.0% tiveram acidente vascular cerebral (AVC) não fatal, e não foi registado nenhum enfarte agudo do miocárdio (EAM). Nestes grupos tratados com pegaptanib e ranibizumab não foi encontrada nenhuma alteração no estudo bioquímico ou nos níveis de VEGF sérico estatisticamente significativa após a administração dos fármacos. No grupo em tratamento com bevacizumab foram registadas como complicações oculares 0.71% de cataratas, 1.4% de rasgaduras do EPR e 1.4% de hemorragias oculares; quanto às complicações sistémicas 2.8% dos pacientes tiveram EAM, 4.97% tiveram AVC, e houve 2.1% de mortes de causa vascular. Ainda no grupo de pacientes tratados com bevacizumab, foi detectado um aumento estatisticamente significativo (P=0.04) da apolipoproteína B, 3e uma diminuição estatisticamente significativa (P=0.001) dos níveis séricos de VEGF após administração intra-vítrea do fármaco.

CONCLUSÃO: Este estudo mostrou que o uso de bevacizumab intra-vítreo no tratamento de NVC secundária a DMI parece aumentar o risco de ocorrência de eventos trombo embólicos, aconselhandose o seu uso ponderado em patologias oftalmológicas.

 

Palavras chave: degenerescência macular da idade; agentes anti-VEGF; pegaptanib; ranibizumab; bevacizumab; efeitos laterais; eventos trombo-embólicos arteriais

 

 

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