Medicina / Ciências Médicas e da Saúde

Dissertações de Mestrado

 

Influência dos estrogénios na resposta hepática ao consumo crónico de etanol e à abstinência

 

Autor: Maria João dos Santos Marques
Orientador: Maria Dulce Cordeiro Madeira

 

Mestrado em Medicina Legal

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

Universidade do Porto
 

 

continuar

 

Influência dos estrogénios na resposta hepática ao consumo crónico de etanol e à abstinência

Resumo

O consumo prolongado de etanol é considerado como sendo um dos factores com maior capacidade para provocar efeitos tóxicos em vários órgãos, particularmente no fígado, uma vez que este é o órgão que se encontra exposto a níveis mais elevados deste xenobiótico. De facto, o etanol é metabolizado neste órgão e o acetaldeído, o principal composto resultante do seu processamento oxidativo, permanece no tecido hepático sendo excretada apenas uma quantidade muito reduzida para a circulação sanguínea. Pelo que o fígado pode ser encarado um orgão chave quando consideramos a toxicidade do etanol. Embora muitos mecanismos tenham sido propostos na tentativa de explicar a toxicidade hepática mediada pelo etanol, diferentes resultados têm vindo a ser relatados devido à utilização de diversos modelos experimentais. Sabe-se ainda que os danos induzidos pelo etanol são consideravelmente distintos quando se analisam os seus efeitos nos sexos feminino ou masculino, sendo o etanol claramente mais pernicioso no sexo feminino mesmo quando ingerido em menor quantidade. Existem várias possíveis explicações para este facto tais como diferenças no peso corporal, no teor de água e diferenças na absorção, biodisponibilidade e metabolização do etanol. Contudo, o que mais parece influenciar a aumentada toxicidade do etanol verificada no género feminino são as marcadas diferenças hormonais existentes entre os dois sexos. Com o propósito de avaliar a influência dos estrogénios no estabelecimento das lesões hepáticas induzidas pelo etanol foram utilizados ratos fêmea da estirpe Wistar submetidos a alcoolização crónica e abstinência alcoólica, bem como a condições controlo. Foram colhidas amostras de sangue, para avaliação da alcoolémia e doseamentos hormonais. Procedeu-se igualmente à colheita de tecido hepático para análise de parâmetros bioquímicos relacionados com o stress oxidativo, apoptose e inflamação.Verificou-se que o tratamento com etanol induziu marcadas alterações bioquímicas relacionadas com o stress oxidativo, nomeadamente aumento da peroxidação lipídica e alteração do nível de glutationa. Observou-se ainda recompartimentalização do citocromo c e aumento da actividade da caspase 3, o que aponta para a ocorrência de morte celular programada. Em concordância com estesresultados, presenciou-se ainda um aumento da translocação nuclear do factor de transcrição nuclear factor kappa-B, nomeadamente das subunidades p50 e p65, indicativo de inflamação hepática agravada nos animais submetidos a alcoolização crónica e abstinência alcoólica. Salienta-se que os resultados observados nos animais alcoolizados se devem exclusivamente à acção nefasta do etanol, dado que não se observaram resultados idênticos nas fêmeas do grupo de controlo nutricional. Foi ainda possível verificar que a abstinência alcoólica induziu, regra geral, uma melhoria dos efeitos fomentados pelo consumo prolongado de etanol. Realça-se também que os resultados apresentados são maioritariamente dependentes dos níveis de estrogéniotendo-se verificado, em quase todos os parâmetros analisados, um agravamento das lesões na presença de estradiol. Os resultados obtidos claramente demonstram a acção tóxica do etanol a nível hepático em ratos fêmea submetidos a alcoolização crónica e a abstinência alcoólica. Verificou-se ainda existir correlação entre as lesões hepáticas induzidas pelo etanol e o nível de estradiol, facto este que poderá estar associado ao aumento da toxicidade deste xenobiótico no sexo feminino.

 

Índice

ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
RESUMO
RÉSUMÉ
ABSTRACT

ABREVIATURAS INTRODUÇÃO

OBJECTIVO DO TRABALHO

MATERIAIS E MÉTODOS

1. PROTOCOLO EXPERIMENTAL

2. PARÂMETROS ANALISADOS E METODOLOGIAS

2.1. SORO

2.1.1. Etanol

2.1.2. Corticosterona

2.1.3. 17-β-Estradiol e progesterona

2.2. FÍGADO

2.2.1. Peroxidação lipídica

2.2.2. Grupos carbonilo

2.2.3. Glutationa

2.2.4. Proteína Bcl-2

2.2.5. Citocromo c citosólico

2.2.6. Caspase 3

2.2.7. Factor de transcrição NF-κB

3. REAGENTES

4. ANÁLISE ESTATÍSTICA

RESULTADOS

1. ANIMAIS E DIETAS

1.1. EVOLUÇÃO DO PESO CORPORAL
1.2. INGESTÃO DE DIETA SÓLIDA

1.3. INGESTÃO DE LÍQUIDOS
1.4. INGESTÃO CALÓRICA

2. PESOS HEPÁTICO E UTERINO

2.1. FÍGADO

2.2. ÚTERO

3. SORO

3.1. ALCOOLÉMIA

3.2. HORMONAS

3.2.1. Corticosterona
3.2.2. 17-β-Estradiol

3.2.3. Progesterona

4. FÍGADO

4.1. PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA
4.2. GRUPOS CARBONILO

4.3. GLUTATIONA

4.3.1. Glutationa reduzida
4.3.2. Glutationa oxidada

4.3.3. Glutationa reduzida / Glutationa oxidada

4.4. PROTEÍNA BCL-2

4.5. CITOCROMO C CITOSÓLICO

4.6. CASPASE 3

4.7. FACTOR DE TRANSCRIÇÃO NF-ΚB

4.7.1. Subunidade p50
4.7.2. Subunidade p65

DISCUSSÃO

1. PARÂMETROS GERAIS
2. HORMONAS

3. STRESS OXIDATIVO
4. APOPTOSE
5. INFLAMAÇÃO

CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 

 

Trabalho completo