Psicologia

Dissertações de Mestrado

Resumo

A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor crónica que afecta uma percentagem considerável da população e em relação à qual não existe qualquer consenso. Através da junção de dados provenientes de três fontes distintas (observação clínica, teoria psicossomática psicanalítica, e investigação científica), foi desenhada um estudo exploratório cujo objectivo geral era analisar a possibilidade de conceptualizar a FM enquanto perturbação psicossomática, definida operacionalmente no quadro da psicossomática psicanalítica. A amostra foi composta por 42 sujeitos do sexo feminino, que tinham recebido um diagnóstico de FM sem outra perturbação somática associada, com idades compreendidas entre os 33 e os 71 anos. Todos os sujeitos preencheram um protocolo composto por: um questionário para caracterização da amostra, o Inventário de Convicções e Percepções Relacionadas com a Dor (ICPRD), o Desenho de Círculos Representativos da Família (DCRF), a Escala de Alexitimia de Toronto de 20 Itens (TAS-20), a Positive and Negative Affect Schedule (PANAS), e um novo instrumento, o Inventário do Funcionamento Onírico. Estabeleceu-se que seriam necessários três indicadores distintos para se considerar a presença de perturbação psicossomática em cada sujeito: (1) indícios de perturbação ou trauma da relação precoce; (2) um resultado superior a 51 na TAS-20; e (3) um resultado superior a 2 no IFO. 83.3% (n = 35) dos sujeitos que compunham a amostra apresentaram resultados que permitiram considerar confirmada a hipótese geral: os pacientes com diagnóstico de FM apresentam um conjunto de características no seu funcionamento mental compatíveis com a existência de perturbação psicossomática, tal como descrita na teoria psicossomática psicanalítica. As implicações destes resultados, bem como de outros obtidos nesta investigação, são discutidas.

 

Palavras chave: Fibromialgia, Dor crónica, Psicossomática, Teses de mestrado - 2009

 

Índice

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO 1: A PERSPECTIVA PSICANALÍTICA DA PSICOSSOMÁTICA 13

1.1. Antecedentes 13

1.1.1. Antes da Psicanálise 13

1.1.2. Sigmund Freud: as 'neuroses actuais' e a concepção psicanalítica do corpo

1.1.3. Georg Groddeck: o determinismo do Id e o simbolismo da doença 19

1.1.4. Sandór Ferenczi: a 'neurose de orgão' e o trauma 20

1.2. Franz Alexander e a Escola de Chicago: a Medicina Psicossomática 21
1.3. George Engel: a matriz mente-corpo-ambiente 23
1.4. A Escola de Psicossomática de Paris: de Pierre Marty a Claude Smadja 24

1.4.1. A relação objectal alérgica 25

1.4.2. A doutrina evolucionista e os movimentos de organização e desorganização 1.4.3. A mentalização 28
1.4.4. Os processos de somatização 29
1.4.5. A depressão essencial: o paradoxo psicossomático e o pato-masoquismo 31
1.4.6. O pensamento operatório e a vida operatória 36

1.5. Da alexitimia ao paciente desafectado: de Peter Sifneos a Joyce McDougall

1.6. Coimbra de Matos e Manuel Matos: a fissura entre o Self corporal e o Self psíquico 44

CAPÍTULO 2: A DOR 48
CAPÍTULO 3: A FIBROMIALGIA 57viii
CAPÍTULO 4: OBJECTIVOS, HIPÓTESES E VARIÁVEIS 64

4.1. Objectivos 64

4.1.1. Objectivo geral 64
4.1.2. Objectivos específicos 64

4.2. Hipóteses 65

4.2.1. Hipótese geral 65

4.2.2. Hipótese específica 65

4.3. Variáveis 66

4.3.1. Variável independente 66
4.3.2. Variável dependente 67

CAPÍTULO 5: ESTUDO EXPLORATÓRIO PRÉVIO PARA DEFINIÇÃO DE CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO DE DOIS INSTRUMENTOS 69

5.1. Objectivos 69
5.2. Metodologia 70

5.2.1. Participantes 70

5.2.2. Instrumentos 71

5.2.2.1. Desenho de Círculos Representativos da Família (DCRF) 71

5.2.2.2. Inventário do Funcionamento Onírico (IFO) 72

5.2.3. Procedimento 76

5.3. Descrição, análise e discussão dos resultados 76

5.3.1. Desenho de Círculos Representativos da Família 76

5.3.2. Inventário do Funcionamento Onírico 78

5.5. Conclusão 78

CAPÍTULO 6: METODOLOGIA 79

6.1. Participantes 79

6.1.1. Caracterização sociodemográfica da amostra 79
6.1.2. Caracterização da «experiência de doença» da amostra 81

6.2. Instrumentos 83

6.2.1. Questionário 83
6.2.2. Escala Numérica da Intensidade da Dor 83
6.2.3. Inventário de Convicções e Percepções Relacionadas com a Dor (ICPRD) 84
6.2.4. Desenho de Círculos Representativos da Família (DCRF) 85ix
6.2.5. Inventário do Funcionamento Onírico (IFO) 85
6.2.6. Escala de Alexitimia de Toronto de 20 Itens (TAS-20) 85
6.2.7. Positive and Negative Affect Schedule (PANAS) 87

6.3. Procedimento 89

CAPÍTULO 7: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 91

7.1. Objectivo geral 91
7.2. Objectivos específicos 93

7.2.1. Influência das doenças psicossomáticas infantis na perturbação psicossomática na idade adulta 93

7.2.2. Influência de perturbações ou traumas infantis 93

7.2.2.1. Na presença de fibromialgia na idade adulta 93
7.2.2.2. Nos resultados em medidas de alexitimia, capacidade fantasmática, e afectividade 94

7.2.3. Influência do acompanhamento psicológico 95
7.2.4. Influência das «variáveis pessoais» 97
7.2.5. Convicções e percepções relacionadas com a dor 100

CAPÍTULO 8: DISCUSSÃO 101
CONCLUSÃO 110

BIBLIOGRAFIA 112

Anexos

Anexo 1 - Declaração de consentimento informado
Anexo 2 - Protocolo
Anexo 3 - Dados considerados como indicadores de presença de perturbação da relação precoce

Anexo 4 - Análise estatística  
 

 

Trabalho completo